sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Raimundo Matos fala sobre a montagem

Segunda versão do cartaz do espetáculo
(programação visual de Pedro Rodrigues)


Em agosto de 2007 fomos presenteados com um generoso texto sobre o espetáculo escrito por Raimundo Matos de Leão (Doutor em teatro e homem de teatro), do qual reproduzimos, com permissão do autor, alguns trechos. Para os interessados, o texto pode ser encontrado na íntegra no blog Cenadiária (http://cenadiaria.blogspot.com/) - que deve ser visitado, pela qualidade da reflexão que Raimundo Matos desenvolve.



“(...) Conforme o texto do programa, a proposta de “usar a cena para contar o conto” visa “preservar o humor e a inteligência do texto, utilizando-os para provocar no público o encantamento que todos nós sentimos ao ouvir uma boa história”. É isso que o pocket espetáculo oferece. Aliada a essa qualidade – contar uma boa história – juntam-se a mestria do elenco, o despojamento da encenação, sua coloquialidade aproximando a cena do espectador, o jogo inventivo entre os intérpretes e uma dose das propostas brechtianas; tudo isso torna a cena encantadora. O clima de sarau se estabelece desde o momento em que elenco recebe o público fazendo-o ingressar na sala, em cujo palco encontram-se os músicos. É visível a reação da platéia; ela se rende aos poucos à magia do teatro e à sua capacidade de fazer com que o “clima de alegre nostalgia” dos saraus de antigamente prevaleça. Assim, instaura-se a comunicação maravilhosa entre os atores, músicos e espectadores.

A cena, em seu despojamento cenográfico, (...) serve de moldura para os atores. Neles está a graça da encenação. Dominando o seu ofício, os intérpretes se encarregam dos personagens e das canções; e fazem isso bem. Passam dos gestos sutis para os largos, habilidosamente. Da mesma maneira, mostram, pelo jogo facial, as expressões que completam e enriquecem as palavras.

Vestidos pela figurinista Renata Cardoso, (...) os intérpretes, quando não estão no centro da cena, esperam sentados o momento de assumirem a ação que lhes cabe no roteiro bem construído. A opção da figurinista pelo preto e branco, combinando tecidos lisos e estampados, quebra a possível monotonia que essa escolha poderia acarretar. Os figurinos obedecem ao traço de época e são complementados por adereços vermelhos: lenços, leque, envelopes, cartões com fotografias e um revólver, pequenos pontos quentes que surgem para dinamizar a mescla do preto e do branco em cada roupa.

(...) Vale à pena ir ao Teatro Gamboa para apreciar o trabalho dos intérpretes, também professores da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, e o que eles fizeram com material escolhido para trabalhar sob a direção de Daniel Marques. O diretor soube imprimir leveza e agilidade, equilibrando os momentos de exacerbada comicidade com a delicadeza de certos momentos provocadores de sorrisos e não de gargalhadas. (...)"

Publicado no blog Cenadiária em 07 de agosto de 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário